segunda-feira, 28 de março de 2016

Até quando veremos a Educação a serviço de um projeto político de dominação?

As últimas notícias, em um importante jornal de Goiás, relatam as manifestações de estudantes da PUC-GO, contra a filiação do reitor, que muito antes de ocupar o cargo já era militante do PT. Como na maioria das questões que envolvem os partidos do atual governo, o principal foco foi esquecido, que é a real necessidade de um reitor continuar filiado a um partido político. Desviaram para o direito do “cidadão comum” filiar-se ou não em um partido. A UFG também já teve seu reitor filiado ao PT e candidato a deputado federal, que mesmo com uma significativa votação não conseguiu se eleger.

Sim, é de direito um reitor filiar-se a um partido político, mas, penso que é imoral, inadmissível para um País que pretende valorizar a Educação como um direito a emancipação e empoderamento de seus filhos. Acredito que o melhor séria que quem esteja à frente de uma instituição de ensino seja apartidário, para possibilitar ainda mais o desenvolvimento de cidadãos críticos e autoresponsáveis por suas escolhas.

Conversando pelo chat, com um amigo; ele me disse assim:
 “Concordo com você, um reitor tem que estar acima das linhas partidárias. Sou tão radical quanto a isso que defendo um ponto ainda mais polêmico – Presidente da República, mais do que governadores (mas, estes se enquadram também) deviam-se afastar-se por postura ética, de seus partidos políticos automaticamente, ao assinarem seus termos de posse. Devia ser item do juramento- Prometo agir de modo equânime ante os interesses de todos os partidos políticos, de todas as unidades federativas e de todos os municípios.”

 Disse a ele que a ideia é muito boa e interessante. Sei que hoje pode parecer utópica, mas, precisamos inclui-la como possibilidade frente às mudanças que faremos na política para sairmos deste caos. Hoje o que vemos é o Brasil em retrocessos principalmente na economia, pois a presidente Dilma, tem a “ilusão” de que foi eleita apenas para defender os companheiros e companheiras e esqueceu-se de governar o País para os brasileiros.

Fico pensando, como são os Centros Acadêmicos e os Diretórios nas instituições onde o principal líder é filiado a um partido politico? (Até o termo: filiado, filho do partido, que obedece a um pai, talvez precise ser substituído por outro menos hierárquico, nestas reformas politicas que ansiamos).
Na UFG sabemos como é; só a “inteligência brasileira” como a Carta Capital gosta de denominar a militância petista, que têm vez.

Sabemos que só existe uma maneira de ensinar que é pelo exemplo. É este o exemplo que um reitor quer deixar para seus alunos e professores? Independente do partido político, um reitor levantar uma bandeira partidária, é uma ação pedagógica? Ou isto não importa, para um reitor, o ser exemplo?
Coordenadores, diretores, reitores de instituições de ensino quando assumem publicamente suas preferências partidárias, promovem a verdadeira Educação livre, fraterna, igualitária?
Sabemos que a Educação é a principal ferramenta para o verdadeiro crescimento do Brasil, e só Ela cumpre este requisito.

Infelizmente, o que mais vemos no Brasil é a “inteligência brasileira” querendo dominar tudo, para continuar amordaçando “a massa”.

Como fica a liberdade de expressão, tão importante para o crescimento dos jovens, nestas instituições? Os professores nestas instituições ou empresas terão o direito de manifestarem contra o partido do líder? Todos nós que trabalhamos em empresas públicas ou privadas, sabemos bem como é isto. Somos “obrigados” a ficar na cartilha deles, se não é rua ou perseguições, sem choro, nem vela.

É exatamente por estes motivos que sou contra as OSs na Educação aqui em Goiás. #ContraOSsnaEducação


 Para exemplificar, o que quero dizer, neste mês, a AGRODEFESA/GO (o Governador de Goiás é do PSDB, percebemos que longe de ser uma questão partidária, o que vemos é a estrutura política brasileira corrompida) liberou a utilização e comercialização do pesticida benzoato de emamactina, altamente tóxico, contamina o lençol freático, um absurdo, este veneno esta dizimando nossas abelhas e ajudando a proliferar várias doenças e epidemias; mesmo assim, você viu alguém do governo denunciando? Não se vê funcionários, mesmo os concursados, denunciando o fato. Por quê? Você sabe a resposta e eu também. (91% da população brasileira afirmaram que não gostam e não acompanham a política, ficando, assim, a cargo dos funcionários públicos denunciarem os abusos de poder, ilegalidades e corrupções). Mas, como denunciar se sentem amordaçados pelo sistema?

Reitores e lideres de instituições de ensino, filiar-se a partidos políticos, pode ser mais perverso que a Rede Globo e a Record juntas, em técnicas de manipulações.

A Educação não pode mais ser violentada, manipulada, continuar amordaçada, servindo a um projeto político de dominação, é esta a questão central que precisamos colocar em pauta, para sairmos desta crise, sabemos disto.

A questão não é se o reitor tem ou não tem este direito e sim, é uma atitude louvável? O foco é melhorar a Educação, por isto, manter-se filiado a um partido? A ação fornece mais liberdade e autonomia aos professores e alunos destas instituições?

Até hoje, não conseguimos, emancipar nossa Educação, espero, sinceramente que esta grave crise, nos possibilite amadurecermos e mesmo com os pais/lideres/autoridades autocráticas do passado, conseguirmos avançar com mais autoconhecimento e responsabilidades.

Rita de Cássia Ramos Carneiro - sócia fundadora - institutobemtevi@gmail.com