segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Ser Responsável

Em primeiro lugar tenho que confessar que estou sofrendo de uma síndrome: não suporto ver lixo esparramado no lugar errado (coisa de eco-chata! talvez) Quando vejo já começo a formigar, fumigar e pensar em como coloca-lo em seu devido lugar, (algumas vezes) começo a catar e ajuntar, mas, engana–se quem disser que eu não fico com vergonha ou constrangimentos, eles são muitos; às vezes, imagino que a força que faço pra sair da falta de movimento e ação é como a de Hercules pra limpar os estábulos do rei. Tenho que vencer as vozes do deixa disso, para com isto, e se passar um gatinho o quê ele vai pensar? Já vem a moralista querendo dar exemplo...
Como deixar que famílias inteiras no #domingonoparque sentem-se ao redor de lixos? Como se o “normal” o correto fosse assim sujo e não houvesse outra paisagem possível. (A maldita transparência do mal!)
Vou lá e mudo a cena.  Digo: com licença, bom dia! Vocês merecem passar o dia de domingo num ambiente mais agradável e limpo. E começo a catar os lixos ao derredor.  Quando termino pergunto a eles: vocês notaram a diferença? Gostaram?
Digo que temos mecanismos internos que são disparados quando estamos em um ambiente sujo e outros que são desencadeados em ambientes limpos. O ambiente sujo me autoriza a sujar mais e o limpo me desautoriza a sujar, ou seja, faz com que me sinta inibida ao ato de sujar. Portanto um pequeno papel de balinha no chão pode ser o gatilho interno que me autoriza a sujar também.
 Ansiamos por fazer parte por sentirmos aceitos e pertencentes, assim, surge à pressa de nos com-formarmos ao ambiente que estamos nos tornando iguais/semelhantes a ele. Se outros sujam eu também posso sujar. A boa é que se outros limpam eu também posso limpar!
Sentir socialmente inadequado e excluído é um grande problema que enfrentamos no convívio social. Inadequado é quando não me sinto ajustado ao contexto, mas também não sei em qual ambiente eu gostaria de estar. Excluído é quando “eu não faço falta”. É uma dor imensa sentir assim, dá medo!
Sentir isto faz com que eu não queira com-tato e um muro interno é construído instantaneamente para me proteger de aproximações, relacionamentos e contatos tanto comigo mesma como com o que me cerca.
No outro final de semana participei da Feira do Empreendedor (((gostei))) e como moro aqui no centro fui caminhando para o evento e vi que no Ginásio Rio Vermelho também havia muita gente reunida para um encontro religioso.
A síndrome do lixo voltou no final da Feira e eu quis saber qual o impacto ambiental da Feira, quanto de lixo produziu? Fiquei observando os lixos nas intermediações dos dois eventos e quando passei pelo Ginásio vi um tanto de lixo ao redor que pensei: como pode ter a presença de Deus lá dentro e aqui fora do ginásio esta sujeira? Como pode pessoas esclarecidas e educadas jogarem lixo nas ruas?
Fico impressionada com a sujeira que fica nestes eventos religiosos e nenhuma pregação dizendo sobre Ser responsável e limpar de dentro pra fora de fora pra dentro? Quanto lixo; como se “o normal” fosse o sujar e não o cuidar. De novo a Transparência do mal. O mal não pode ser transparente, ele precisa de cor, cheiro, substancia, para eu ter o poder real de escolha. Se ele fica transparente como vou saber a escolha que fiz?
Precisamos com urgência e firmeza nos apropriar do que é nosso! A cidade é nossa; um lixo na rua é sim de minha e de sua responsabilidade. Parar de dar todo poder e responsabilidade aos governantes.
Quem tem o poder somos nós cidadãos quando nos apropriamos do que é nosso. Isto significa amadurecimento, empoderamento do Ser Responsável. Chega de infantilismo; de delegar autoridade e responsabilidade para o outro; nós temos o dever de cuidar e zelar do que é nosso, da nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, nosso Estado, nosso País, nossas águas, nossa Terra.
É hora de levantarmos do berço esplêndido e começarmos a trabalhar.
Rita de Cássia Ramos Carneiro - Diretora.

terça-feira, 18 de março de 2014

Educação x Violência

As situações que estamos vivenciando como aumento da violência e corrupções podem ser exemplificadas com uma fórmula matemática:
 (-) Educação = (+) Violência; simples assim.
 Temos muitas vezes a ilusão de que são situações desconexas umas das outras, mas, não são. Professores estão em greve por salários mais digno, por melhores condições de trabalho e valorização em todo Brasil. Enquanto isto salários de jogadores de futebol batem recordes e estádios são construídos por R$16.000,00 cada assento!!
Professores desmotivados e adoecidos com a falta de reconhecimento, autonomia e presos a uma “grade curricular” que não atende as reais necessidades dos envolvidos. O nome “grade” é bem apropriado, pois aprisiona e imobiliza mais que ajuda e direciona.
 A realidade para professores de algumas instituições particulares é bem pior, onde é a oferta e a procura de mercado que regulamenta os salários e isto faz com que os rendimentos fiquem abaixo dos rendimentos pagos pelo governo e o stress de não ter garantias que no próximo semestre estará trabalhando é grande.
 O crescimento de instituições Escola-Empresa onde priorizam apenas o lucro e nem um pouco o ensino de qualidade; o ensino passa a ser uma mera mercadoria (Não que eu seja contra e condene o lucro das instituições de ensino, é claro que é merecido e necessário, mas, nestas condições, como por exemplo, dar aulas para classe com 100 alunos, com 80 alunos, salas com 60 alunos e receber o mesmo valor é imoral, improdutivo e injusto).  Escola-Empresa onde o aluno/ cliente é incentivado a tratar o professor com desvalia (reflexo da liderança em crise!) e comportarem como se os professores fossem apenas um servidor deles, pois “eles estão pagando”.
Hoje o aumento da violência e da corrupção é assustador! Vários políticos na ânsia de mostrarem poder fazem discursos onde somente eles é que têm as melhores soluções para os problemas.
A cultura do medo é a$$ustadoramente lucrativa! Estudos sérios comprovam que quanto mais amedrontadas mais as pessoas consomem. Outra regra matemática: + medo = + consumo.  Esta cultura gera votos, pois os candidatos que fizerem o melhor marketing, - convenhamos nunca na história deste país vimos tanta eficiência e eficácia em manipulações - e convencerem que têm as soluções para os problemas (a grande maioria criados por eles mesmos) ganham as eleições.
Fico me perguntando: como esta o inconsciente coletivo /social do Brasileiro com esta prática assistida por nós diariamente de que os fins justificam os meios, que o roubo, a falsidade, a hipocrisia, ladroagem, a enganação, a mentira, o engodo, a falta de hombridade são normas que até o STJ aprova e atestam? Que mensagem é decodificada e paira em nosso inconsciente coletivo com estes exemplos?
Lembrei-me de uma frase celebre de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto.”
Outra frase dele que é adequada ao contexto: “O governo da demagogia não passa disso: o governo do medo.” Rui Barbosa.
Será que não está claro o caminho a ser trilhado? Será mesmo que as autoridades e nós brasileiros não sabemos mais o que fazer pra diminuir a violência e a corrupção? Construir mais presídios, diminuir a maioridade penal/criminal e a repressão com mais violência são soluções plausíveis?
Um país que não investe em Educação não pode desenvolver e crescer. TODOS nós sabemos disto e mesmo assim ficamos como que adormecidos em berços esplêndidos esperando o Salvador da pátria amada. Ele não virá; sinto dizer aos mais esperançosos. Este perfil de “líder salvador” não adequa mais aos nossos reais anseios. Queremos participar e sentirmos incluídos ao contexto.
A solução (resolução) = Educação inclusiva + Cooperação.
O processo educacional é a ferramenta básica, prioritária, indispensável, essencial, fundamental para conseguirmos sair deste paradigma da exclusão e competição para irmos para a inclusão e cooperação; consequentemente diminuir a violência.
 Somos redes de conexões-relações-interações.
Experimentamos no nosso dia-a-dia exemplos simples destas conexões: se jogamos lixo em lugar inapropriado e este entope um bueiro quando chove a rua fica alagada; se não limpo o quintal dos focos criatórios do mosquito da dengue toda a cidade sofre as consequências por mais que a prefeitura passe o “carro da fumaça” e os agentes comunitários.
O Estado não é capaz de solucionar sozinho estes problemas; isto é nítido. Mas, os políticos não querem perder o posto de indispensável Salvador/solucionador de problemas. Compartilhar poderes nunca; pensam eles.
As mudanças são significativas e visíveis quanto ao perfil de liderança que almejamos. Não queremos mais alguém que nos fale o que deve ser feito e nos conduza numa relação infantilizada, perniciosa e dependente. “Ôô vida de gado povo marcado ê povo feliz.”
Queremos sentir incluídos, valorizados, respeitados nas nossas particularidades e singularidades e sermos parte/ elo da teia social.
Sabendo que o excluído sempre cobra o seu lugar de direito. Quanto mais excluímos os outros, a nós mesmos, os diferentes, mais estes ficam presentes em nosso destino.
Não solucionaremos os problemas da violência nos trancando em condomínios fechados, em carros blindados, impedindo de relacionarmos, vendo o “outro” como uma constante ameaça. Isto não resolve ao contrário só aumentam nossos problemas e medos.
“O que nego em mim encontro como destino.” C.G.Jung.
O processo educacional e a mudança de paradigmas que necessitamos com urgência, exige tempo, coragem, determinação, perseverança, é um trabalho às vezes difícil e penoso, mas, com certeza mais leve e gratificante do que a cultura do medo e violência que estamos experimentando. Com investimentos maciços em Educação e inclusão de todos na busca por soluções é possível mudar o curso desta estória;
Tamo juntos!!

Rita de Cássia Ramos Carneiro – psicóloga e professora.

domingo, 2 de março de 2014

Se você perdeu sua história, você perdeu tudo.

Qual é a nossa missão como Educadores?

"Uma cultura tradicional é um ecossistema uma rede
complexa de relações entre seres humanos e a terra que eles vivem. Como em cada ecossistema, cada elemento esta interligado a todos os outros..."

Este vídeo traz uma reflexão sobre o papel da Escola.


"Mas agora, com o desenvolvimento, todos mandam os seus filhos para a escola, e os antigos valores de bondade e compaixão estão começando a declinar."

http://www.baciadasalmas.com/2014/e-como-esses-camponeses-vao-aprender-a-comprar-se-nao-forem-para-a-escola/?