As situações que estamos vivenciando como aumento da violência e corrupções
podem ser exemplificadas com uma fórmula matemática:
(-) Educação = (+) Violência;
simples assim.
Temos muitas vezes a ilusão de
que são situações desconexas umas das outras, mas, não são. Professores estão
em greve por salários mais digno, por melhores condições de trabalho e
valorização em todo Brasil. Enquanto isto salários de jogadores de futebol
batem recordes e estádios são construídos por R$16.000,00 cada assento!!
Professores desmotivados e adoecidos com a falta de reconhecimento,
autonomia e presos a uma “grade curricular” que não atende as reais
necessidades dos envolvidos. O nome “grade” é bem apropriado, pois aprisiona e
imobiliza mais que ajuda e direciona.
A realidade para professores de algumas
instituições particulares é bem pior, onde é a oferta e a procura de mercado que
regulamenta os salários e isto faz com que os rendimentos fiquem abaixo dos
rendimentos pagos pelo governo e o stress de não ter garantias que no próximo
semestre estará trabalhando é grande.
O crescimento de instituições
Escola-Empresa onde priorizam apenas o lucro e nem um pouco o ensino de
qualidade; o ensino passa a ser uma mera mercadoria (Não que eu seja contra e
condene o lucro das instituições de ensino, é claro que é merecido e
necessário, mas, nestas condições, como por exemplo, dar aulas para classe com
100 alunos, com 80 alunos, salas com 60 alunos e receber o mesmo valor é
imoral, improdutivo e injusto).
Escola-Empresa onde o aluno/ cliente é incentivado a tratar o professor
com desvalia (reflexo da liderança em crise!) e comportarem como se os
professores fossem apenas um servidor deles, pois “eles estão pagando”.
Hoje o aumento da violência e da corrupção é assustador! Vários políticos
na ânsia de mostrarem poder fazem discursos onde somente eles é que têm as
melhores soluções para os problemas.
A cultura do medo é a$$ustadoramente lucrativa! Estudos sérios comprovam
que quanto mais amedrontadas mais as pessoas consomem. Outra regra matemática:
+ medo = + consumo. Esta cultura gera
votos, pois os candidatos que fizerem o melhor marketing, - convenhamos nunca na história deste país vimos tanta
eficiência e eficácia em manipulações - e convencerem que têm as soluções para
os problemas (a grande maioria criados por eles mesmos) ganham as eleições.
Fico me perguntando: como esta o inconsciente coletivo /social do
Brasileiro com esta prática assistida por nós diariamente de que os fins
justificam os meios, que o roubo, a falsidade, a hipocrisia, ladroagem, a
enganação, a mentira, o engodo, a falta de hombridade são normas que até o STJ
aprova e atestam? Que mensagem é decodificada e paira em nosso inconsciente coletivo
com estes exemplos?
Lembrei-me de uma frase celebre de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar
as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem
chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser
honesto.”
Outra frase dele que é adequada ao contexto: “O governo da demagogia não
passa disso: o governo do medo.” Rui Barbosa.
Será que não está claro o caminho a ser trilhado? Será mesmo que as
autoridades e nós brasileiros não sabemos mais o que fazer pra diminuir a violência
e a corrupção? Construir mais presídios, diminuir a maioridade penal/criminal e
a repressão com mais violência são soluções plausíveis?
Um país que não investe em Educação não pode desenvolver e crescer.
TODOS nós sabemos disto e mesmo assim ficamos como que adormecidos em berços
esplêndidos esperando o Salvador da pátria amada. Ele não virá; sinto dizer aos
mais esperançosos. Este perfil de “líder
salvador” não adequa mais aos nossos reais anseios. Queremos participar e
sentirmos incluídos ao contexto.
A solução (resolução) = Educação inclusiva + Cooperação.
O processo educacional é a ferramenta básica, prioritária,
indispensável, essencial, fundamental para conseguirmos sair deste paradigma da
exclusão e competição para irmos para a inclusão e cooperação; consequentemente
diminuir a violência.
Somos redes de
conexões-relações-interações.
Experimentamos no nosso dia-a-dia exemplos simples destas conexões: se
jogamos lixo em lugar inapropriado e este entope um bueiro quando chove a rua
fica alagada; se não limpo o quintal dos focos criatórios do mosquito da dengue
toda a cidade sofre as consequências por mais que a prefeitura passe o “carro
da fumaça” e os agentes comunitários.
O Estado não é capaz de solucionar sozinho estes problemas; isto é
nítido. Mas, os políticos não querem perder o posto de indispensável
Salvador/solucionador de problemas. Compartilhar poderes nunca; pensam eles.
As mudanças são significativas e visíveis quanto ao perfil de liderança
que almejamos. Não queremos mais alguém que nos fale o que deve ser feito e nos
conduza numa relação infantilizada, perniciosa e dependente. “Ôô vida de gado
povo marcado ê povo feliz.”
Queremos sentir incluídos, valorizados, respeitados nas nossas
particularidades e singularidades e sermos parte/ elo da teia social.
Sabendo que o excluído sempre cobra o seu lugar de direito. Quanto mais
excluímos os outros, a nós mesmos, os diferentes, mais estes ficam presentes em
nosso destino.
Não solucionaremos os problemas da violência nos trancando em condomínios
fechados, em carros blindados, impedindo de relacionarmos, vendo o “outro” como
uma constante ameaça. Isto não resolve ao contrário só aumentam nossos
problemas e medos.
“O que nego em mim encontro como destino.” C.G.Jung.
O processo educacional e a mudança de paradigmas que necessitamos com
urgência, exige tempo, coragem, determinação, perseverança, é um trabalho às
vezes difícil e penoso, mas, com certeza mais leve e gratificante do que a
cultura do medo e violência que estamos experimentando. Com investimentos
maciços em Educação e inclusão de todos na busca por soluções é possível mudar
o curso desta estória;
Tamo juntos!!
Rita de Cássia Ramos Carneiro – psicóloga e professora.
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